terça-feira, 31 de julho de 2012

Formação Pedagógica de Professores/julho 2012

Sandra Maria Zanette

A educação no atual contato busca a valorização da autonomia intelectual e a possibilidade de aprender construindo saberes fundamentais para a inserção produtiva.

                Assim, é fundamental investir na formação dos educadores visando a melhoria da qualidade de ensino, tendo adequado às mudanças, transformações e realidades, que se desenvolvem em nossa sociedade.

                É tarefa do Estado e das instituições formadoras assegurar esses espaços de formação, possibilitando que a qualificação técnica se complete com o desenvolvimento da capacidade crítica e ética, criando condições para a emergência de um profissional que, segundo Arroyo, possa:

Ø  Dominar as competências e os conhecimentos necessários à compreensão do mundo, problemas reais, entendê-los, entender-se e intervir na vida social e cultural.

Ø  Desenvolver a capacidade de fazer escolhas pedagógicas.

Ø  Dominar os conhecimentos críticos para promover a verdadeira renovação de teorias educacionais, processos de construção do conhecimento e visões sobre novos métodos.

Ø  Fundamentar sua prática em valores éticos, na reflexão sobre a ação, na ação coletiva. (Arroyo, 2001, p.40)

            Assiste-se hoje a uma escalada de disciplina e atos violentos nas escolas, como se os jovens necessitassem transgredir sem cessar até que finalmente alguém os ouça. A ausência de resposta ao apelo contido nesse tipo de comportamentos, isto é, a demissão da autoridade dos adultos, reforça o desespero, lançando os jovens numa fuga para frente traduzida em atos pré-delinquentes que reforçam um sentimento falacioso de imunidade onipotência. Vale a pena falar em autoridade e disciplina na escola, para restituir aos educadores a premência do seu papel formativo e educativo, a necessidade de se envolverem efetivamente, de exercerem verdadeiramente a sua autoridade, numa linguagem partilhada de direitos e deveres com os pais e as famílias.

            A escola atravessa, sem dúvida alguma, uma crise, mas que reside essencialmente na representação que tem de si própria. Isto é, a escola, de uma certa maneira, interiorizou a desautorização que lhe é feita.

            As figuras de referência e os limites por estas impostas são absolutamente imprescindíveis à criança na construção de sua identidade. Na ausência de limites, a diferença do outro não é reconhecida, não é respeitada. Na escola, a autoridade e a disciplina devem ser entendidas nesta perspectiva.

            A escola não pode abrir mão da sua responsabilidade quanto à disciplina que, realmente, é um problema bastante complexo, pois envolve a formação da consciência do sujeito, de seu caráter e da cidadania.

            A disciplina é fundamental para tornar o ambiente escolar agradável e, assim, propiciar condições para o alcance dos objetivos pressupostos, com disciplina há trabalho, há interesse, há respeito mútuo, há autoridade.

            Basicamente, pode-se dizer que o objetivo é conseguir o autogoverno dos sujeitos participantes do processo educativo, e, dessa forma, as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula e na escola, onde haja o desenvolvimento da autonomia, cidadania e da solidariedade, ou seja, as condições para uma aprendizagem significativa, criativa e duradoura. Não se quer a disciplina formal da educação tradicional, mas também não a disciplina espontaneísta da educação moderna, reafirmando mais uma vez, a importância dos limites e da formação de valores para a formação de cidadãos conscientes, críticos e criativos, objetivo maior da escola. 

            “Não há certeza absoluta, só de recomeçar, sempre buscando na realidade as pistas sobre o melhor jeito de caminhar.”(Thiago de Mello).

            E, nesse contexto,  a autoridade e não o autoritarismo do educador deve prevalecer como mediador direto do conhecimento e da vivência social.

            Criticamente falando, pode-se dizer que as competências são, segundo Perrenoud (2000, p.16), capacidades de mobilizar diversos recursos cognitivos que ajudam o profissional a dominar tanto  quanto possível a situação, a compreender os modos de pensar e agir do outro, a controlar as suas próprias pulsões e ambivalências, a tomar consciência das heranças culturais e das apostas que subjazem às próprias estratégias do agente , desse ponto de vista cognitivo, a inscrição do fracasso na prática implica que o profissional se municie de competências do saber fazer.

            Assim, a formação do professor toma novos rumos. Não está baseada somente na problemática das novas tecnologias, mas na formação intelectual do professor. Conforme Freire, (1998, p.53) ensinar exige risco e a disponibilidade ao risco, ao novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição e marca presença no tempo continua novo. (Freire, 1998, p.39).

            A temática prioritária dos encontros de formação em julho, de 2012, versou sobre a grande polêmica relativa à autoridade e à autonomia da escola onde a disciplina e a indisciplina balizaram as discussões gerais embasadas nos referenciais teóricos dos grandes educadores: Perrenoud, Arroyo, Içami Tiba, Celso Antunes, Hamilton Werneck, Rubem Alves e outros.